sobre a fundação
história
“Motivada pela destruição da biodiversidade e pelo abandono da arquitetura vernacular, a Fundação desenvolveu o DaST como uma estrutura orientadora para responder a estes desafios urgentes. Esta visão assenta na convicção de que as paisagens culturais e ambientais devem ser preservadas não apenas pelo seu valor histórico, mas também para garantir um futuro sustentável.”
O modelo de desenvolvimento sustentável que sustenta o DaST surgiu de reflexões iniciadas há quase cinquenta anos. Cresceu a partir de uma compreensão crítica sobre a forma como sistemas orientados para o lucro imediato contribuem para a degradação dos recursos naturais e culturais. Esta consciência despertou um compromisso de longo prazo com a sustentabilidade e com a proteção de paisagens e comunidades em risco.
Motivada pela perda de biodiversidade, incluindo o desaparecimento de espécies como abelhas, rãs e libélulas, bem como pelo crescente abandono da arquitetura vernacular, a Fundação estruturou o DaST como uma bússola orientadora para enfrentar estes desafios. Esta visão assenta na convicção de que as paisagens culturais e ambientais devem ser preservadas não apenas pelo seu valor histórico, mas também para garantir um futuro sustentável e resiliente.
Através dos seus projetos, a Fundação trabalha para promover o equilíbrio termodinâmico e repensar a forma como vivemos, construímos e nos desenvolvemos em harmonia com a natureza, salvaguardando a beleza e os recursos do planeta para as gerações futuras.
No centro da abordagem da Fundação está a colaboração interdisciplinar, assente na compreensão de que, embora a especialização moderna tenha aprofundado o conhecimento, também nos afastou do todo interligado. Inspirada numa perspetiva holística que reconhece o efeito de cada ação sobre o conjunto, a Fundação adota um modo de pensar integrado que valoriza o equilíbrio, a interdependência e a harmonia contínua entre pessoas, natureza e lugar.
A Fundação reúne especialistas de diversas áreas para restaurar paisagens, conservar arquitetura vernacular e desenvolver modelos de vida sustentável.
Esta filosofia reflete se na visão atual da Fundação para o Torrão, uma pequena aldeia portuguesa que enfrenta declínio populacional e a perda gradual do seu património. O Torrão espelha muitas comunidades em todo o mundo que vivem hoje a realidade de economias pós crescimento, uma fase em que o foco se desloca do crescimento contínuo para práticas sustentáveis e regenerativas.
Ao longo dos próximos cinco a dez anos, a Fundação pretende revitalizar o Torrão através da integração do seu rico património cultural com modelos inovadores de sustentabilidade que possam servir de referência para comunidades semelhantes em todo o mundo. O projeto está a ser desenvolvido em estreita colaboração com universidades, organizações não governamentais, a comunidade local do Torrão e o Convento da Terra, a estrutura cultural financiada de forma privada para apoiar iniciativas e programas artísticos e culturais.
propósito
A Fundação está empenhada em garantir que lugares únicos como o Torrão não sejam apenas preservados, mas fortalecidos. Com um foco claro no apoio à paisagem cultural e natural, bem como no desenvolvimento da comunidade local, a Fundação promove a ação através da colaboração, da sensibilização e de soluções criativas.
visão
A Fundação idealiza um mundo onde lugares naturais e culturais únicos coexistem em harmonia com as comunidades que os habitam, permitindo que ambos cresçam e prosperem em conjunto. Neste futuro, as comunidades prosperam numa economia global pós-crescimento, onde os recursos naturais e culturais são reconhecidos, valorizados e utilizados de forma responsável. A diversidade biológica e cultural é preservada como base essencial que reforça a resiliência e a abertura das comunidades. A educação nutre e capacita a próxima geração para levar esta visão adiante, construindo um legado duradouro de cuidado, crescimento e coexistência equilibrada para todos.
missão
Através dos seus projetos, a Fundação restaura e salvaguarda paisagens naturais e culturais em Portugal e no mundo, incluindo a aldeia do Torrão. Este trabalho assenta na colaboração, no desenho cuidado e na sensibilização comunitária, para que as comunidades locais possam fortalecer e proteger o seu património cultural e natural.
um amanhã sustentável aos nossos olhos
"Economies that prioritise the wellbeing of people and nature, supported by accounting systems that recognise the value of social and natural capital. Places and communities around the world strengthened by economic and cultural resilience. Education that inspires and empowers the next generation with the awareness and capability to continue designing a sustainable tomorrow."
O nosso trabalho concentra se essencialmente nos seguintes temas
A Fundação acredita que o valor de uma economia deve centrar se no bem estar das pessoas e no equilíbrio do ambiente natural. Esta perspetiva exige uma avaliação crítica do crescimento económico dentro dos sistemas contabilísticos atuais, questionando o que está a crescer e a que custo. O modelo de crescimento predominante é entendido como insustentável, com consequências de longo prazo tanto para as nações como para os ecossistemas. Ao longo dos últimos setenta anos, a busca contínua pela expansão resultou em retornos decrescentes e numa dependência crescente de recursos emprestados, colocando em risco as gerações presentes e futuras.
Um modelo económico mais sustentável requer uma mudança fundamental nas práticas contabilísticas, reconhecendo o valor intrínseco do capital cultural e natural e integrando este valor na tomada de decisões em todos os níveis. Ao promover uma abordagem holística de valorização que se alinhe com princípios termodinâmicos, a Fundação procura enfatizar a importância de proteger e fortalecer estes ativos essenciais para benefício das gerações atuais e futuras.
A Fundação continua a explorar a relação entre passado e presente, reconhecendo que as comunidades existem num fluxo contínuo de tempo e não em momentos cronológicos isolados. Esta compreensão orienta a nossa abordagem à sustentabilidade e ao desenvolvimento.
A Fundação desafia ambos os extremos: não rejeita o passado como irrelevante, nem venera todas as práticas históricas sem uma reflexão crítica. Em vez disso, a nossa investigação centra se na integração ponderada do património na vida contemporânea, examinando como o conhecimento e as práticas tradicionais podem contribuir de forma significativa para um futuro sustentável.
As nossas investigações abrangem diversas dimensões do património cultural, incluindo os ofícios e festividades tradicionais que incorporam sabedoria geracional, as práticas agrícolas vernaculares desenvolvidas em harmonia com os ecossistemas locais e as soluções arquitetónicas indígenas que revelam uma sofisticada adaptação ambiental.
Em vez de relegar as práticas tradicionais para demonstrações estáticas ou recriações artificiais, a Fundação estuda como este conhecimento histórico pode ser entrelaçado no quotidiano contemporâneo. Esta abordagem exige uma humildade intelectual particular, pois muitos métodos vernaculares contêm sistemas de conhecimento complexos que ultrapassam os limites dos atuais quadros científicos.
A Fundação reconhece que a diversidade cultural e a biodiversidade estão profundamente interligadas, sendo cada uma essencial para a resiliência da outra. A nossa investigação explora como preservar e fortalecer a identidade de um lugar constitui um alicerce fundamental para manter ambas estas formas vitais de diversidade.
Examinamos como identidades locais distintas contribuem para a resiliência natural, cultural e económica das comunidades. Este trabalho questiona os efeitos homogeneizadores do consumismo global, que têm gradualmente eliminado o caráter singular de muitos lugares no mundo.
A nossa investigação destaca também um paradoxo importante: embora a identidade de um lugar esteja profundamente enraizada no seu contexto local, muitas vezes é através do olhar de visitantes que as suas qualidades distintivas se tornam mais evidentes. Esta interação entre perspetivas internas e externas enriquece a compreensão da identidade local.
No centro da nossa abordagem está o reconhecimento de que manter a identidade de um lugar não significa congelar comunidades no tempo ou promover isolamento. A verdadeira resiliência emerge da capacidade de um lugar permanecer aberto e adaptável, preservando simultaneamente o seu caráter essencial. Tal como um ecossistema saudável, uma identidade local resiliente evolui e transforma se, mantendo contudo os seus atributos fundamentais.
O nosso esforço de regeneração procura:
• fortalecer as características locais distintivas permanecendo aberto a mudanças positivas
• construir resiliência económica com base nos ativos e tradições locais
• fomentar uma relação de cuidado com o ambiente assente em valores culturais locais
• cultivar intercâmbio cultural que enriqueça a identidade local em vez de a diluir
A profunda desconexão entre as pessoas e a terra tornou se um dos desafios de sustentabilidade mais urgentes do nosso tempo. Esta separação vai muito além dos contextos urbanos, estendendo se ao próprio núcleo da agricultura moderna, onde práticas industriais revelam frequentemente uma perceção limitada da terra enquanto sistema vivo.
A nossa investigação analisa como este afastamento se manifesta na pecuária intensiva e na agricultura industrial, práticas que demonstram uma falta de reconhecimento do valor intrínseco da terra e dos seus processos ecológicos. Paralelamente, exploramos de que forma o ambiente construído, incluindo a arquitetura e o urbanismo, pode manter se em harmonia com a paisagem. Este não é um desafio distante. Os impactos já são visíveis na redução da fertilidade dos solos, na perda de biodiversidade e na degradação dos serviços dos ecossistemas, todos diretamente relacionados com o bem estar humano.
A Fundação reconhece que esta crise afeta tanto as gerações presentes como as futuras, desafiando as bases do próprio bem estar humano. Não poderá existir um amanhã sustentável sem restabelecer hoje a nossa relação com a terra. Através da nossa investigação, exploramos caminhos para reconstruir esta ligação essencial através de:
• projetos de restauração que regeneram paisagens degradadas e fortalecem a relação humana com a terra
• práticas regenerativas que reforçam, em vez de esgotar, os sistemas naturais
• iniciativas educativas que promovem uma compreensão profunda da terra como um sistema vivo
• documentação e valorização de práticas tradicionais de gestão da terra
• novos modelos de agricultura, arquitetura e planeamento urbano com consciência territorial
O nosso trabalho sublinha que restabelecer a ligação à terra não é apenas uma questão de conservação ou de melhoria técnica. Exige uma transformação profunda na forma como percecionamos e interagimos com os sistemas vivos que nos sustentam.
A arte possui uma capacidade única de transformar a forma como vemos, compreendemos e reimaginamos o mundo. No âmbito das nossas iniciativas de sustentabilidade, a prática artística atua como lente e como ponte, ajudando comunidades a adquirir novas perspetivas enquanto promove ligações significativas entre diferentes culturas.
Através dos nossos programas de residências artísticas, oficinas criativas e projetos integrados de artes, utilizamos o potencial transformador da expressão artística para:
• permitir que as comunidades redescubram a beleza e o significado do seu lugar
• capturar e comunicar o espírito dos projetos de sustentabilidade para além dos métodos tradicionais de documentação
• criar diálogo e ligação entre pessoas de diferentes origens culturais
• trazer esperança e energia renovada aos processos de desenvolvimento sustentável
A nossa investigação explora como a prática artística oferece formas distintas de observar, questionar, expressar e partilhar ideias sobre sustentabilidade. Ao contrário das abordagens convencionais, a arte envolve simultaneamente emoção e intelecto, permitindo uma compreensão mais profunda e uma transformação mais significativa.
A Fundação reconhece que o próprio processo criativo gera energia e otimismo, elementos essenciais para manter o envolvimento comunitário na preservação ambiental e cultural. Através da arte, conceitos abstratos tornam se tangíveis, ideias complexas tornam se acessíveis e visões partilhadas para o futuro tornam se possíveis.
A educação é um pilar do desenvolvimento sustentável, pois o futuro pertence inevitavelmente àqueles que o irão moldar. A nossa abordagem ultrapassa os modelos académicos tradicionais ao transformar projetos de sustentabilidade em salas de aula vivas onde a nova geração pode envolver se diretamente com desafios e soluções reais.
Estes ambientes de aprendizagem experiencial têm um propósito que vai muito além da formação técnica. Tornam se espaços onde os estudantes desenvolvem:
• competência profissional nas suas áreas de estudo
• consciência pessoal e confiança
• respeito por diferentes perspetivas e tradições
• capacidade de compreensão intercultural e comunicação
As nossas iniciativas educativas reconhecem que a verdadeira educação assenta na construção de relações sustentáveis, com as pessoas, com o património e com o mundo natural. Esta abordagem holística prepara os indivíduos não apenas para enfrentar os desafios atuais, mas para contribuir de forma ativa para um futuro mais sustentável.
Ao integrar estudantes em projetos reais de sustentabilidade, criamos oportunidades para que possam:
• experienciar como o conhecimento teórico se aplica na prática
• compreender diretamente a complexidade do desenvolvimento sustentável
• desenvolver a inteligência emocional necessária para uma liderança eficaz
• construir ligações significativas entre culturas e disciplinas
• cultivar a sabedoria essencial à gestão responsável do nosso futuro comum
Segue abaixo o vídeo do making of de When West Meets the Orient, um pulso de paisagem a partir do Palácio Belmonte, por Philippe Fournier e Guo Qian, apresentado a 31 de julho de 2011 no Belmonte Cultural Club, em Lisboa, Portugal.
foco
"Para alcançar estes objectivos, centramos o nosso trabalho na conservação e na restauração de edifícios históricos, bem como de paisagens urbanas e naturais. Trabalhamos para preservar e celebrar as artes e os ofícios locais, para fortalecer e revitalizar a comunidade através de uma abordagem económica pós-crescimento e para promover oficinas de investigação e projectos experimentais. Curamos igualmente experiências de aprendizagem e de lazer responsáveis, destinadas tanto a estudantes e investigadores internacionais como a viajantes culturais."
Valores
Trabalhar com diversos grupos para alcançar uma conservação eficaz.
Aplicar soluções criativas para uma gestão sustentável da paisagem.
Dotar indivíduos e comunidades do conhecimento e das ferramentas necessárias para impulsionar mudanças positivas.
Adaptar-se às transformações ambientais enquanto se promove a sustentabilidade a longo prazo.
Aprofundar a compreensão sobre desafios ecológicos e de conservação.
Utilizar a expressão artística para aprofundar a valorização das paisagens e da importância da natureza.
Envolver comunidades e práticas artísticas na protecção do património natural e cultural, promovendo um sentido partilhado de responsabilidade pela conservação.
Áreas de Intervenção
Realizar investigação de campo sobre ecossistemas, culturas e técnicas de conservação, e partilhar conhecimento e inovações com regiões mais amplas.
Supervisionar e implementar estratégias e práticas que salvaguardem ecossistemas naturais e biodiversidade.
Desenvolver e implementar estratégias de resiliência climática e medidas de mitigação.
Envolver amplamente as comunidades, criar oportunidades económicas verdes e garantir uma participação local significativa nos esforços de conservação.
Desenvolver e gerir programas educativos abrangentes e reforçar a sensibilização pública sobre conservação e sustentabilidade.
Supervisionar o desenvolvimento de infraestruturas com enfoque na sustentabilidade e na sensibilidade cultural, garantindo que todos os projectos estejam alinhados com os objectivos de conservação.
Colaborar com diversos grupos e organizações, incluindo universidades e organizações não governamentais, para investigar e promover o desenvolvimento sustentável, bem como para construir e manter relações com comunidades locais, instituições, governos e parceiros internacionais.
Avaliar regularmente a eficácia dos projectos, recolher feedback e documentar e partilhar progressos e resultados.
Assegurar recursos e estabelecer parcerias que mantenham e expandam os esforços de conservação.